Tem coisas que nós não conseguimos explicar.
A gente se gosta
porque nós somos muito parecidos.
Nós nascemos para estar juntos.
Nascemos para nos curar
um com o outro
e um ao outro.
Nós temos as mesmas feridas,
mas em lugares diferentes.
Nos vemos tanto um no outro
que nos estranhamos.
Agora que nos encontramos
ficamos nos rodeando
tentando entender
como podemos ser tão parecidos
e parecer tão diferentes.
Somos opostos e somos iguais.
Somos vazios,
mas vazios diferentes.
Queremos nos preencher um com o outro,
mas ainda não sabemos como.
Apenas sabemos que queremos.
Os olhos nunca mentem.
A alma sabe o que precisa para sobreviver e ser feliz,
e quando encontra,
não vai abrir mão disso.
Eu vejo em você
tudo que você vê em mim.
Apenas estamos cegos na consciência.
Nosso inconsciente vê tudo.
Vê nossos passados,
presente e futuros,
tão próximos,
tão semelhantes,
tão ímpares.
Ambos abandonados,
ambos traídos,
ambos despedaçados.
Duas almas fracionadas,
rompidas e teimosas.
Almas que lutam pela sobrevivência,
pelos sonhos,
pela inexistente paz interior.
De novo.
Os olhos nunca mentem.
As mãos nunca mentem.
O abraço nunca mente.
Então, o que falta?
Falta parar de mentir para nós mesmos.
Não precisamos disso.
A verdade nos une,
pois estamos juntos,
justamente,
em busca da verdade.
Eu vejo o que você não vê.
Você vê o que eu não vejo.
Estamos juntos porque sabemos disso.
Sabemos que somos iguais e diferentes.
Iguais porque buscamos a nós mesmos.
Diferentes porque cada um enxerga o que o outro não consegue ver.
Precisamos ouvir mais.
Ver mais.
Aceitar mais.
Só assim, seremos um.
Não UM, mas sim, um par.
Não que se mescla,
mas sim,
que se complementa
e que se fortalece.