Será que o vazio, a escuridão e a solidão acabarão algum dia?
Quanto tempo levará para acharem meu corpo se eu morrer logo depois de terminar esse poema?
Porque meus vínculos além da pele (para dentro) são uma esperança de que minha alma vazia algum dia será preenchida?
Será que estou preenchendo com o que deve ser preenchido?
Será que estou tentando preencher aquilo que não deve ser preenchido e estou deixando algo mais vazio?
O que estou buscando na vida, senão EU mesmo?
Talvez alguma parte maravilhosa de você deixe de existir quando eu cessar minha fonte de energia para você
Talvez você, planeta, torne-se inerte quando eu deixar de brilhar em você
Talvez você, pessoa, seja um pouco menos de tudo que puder ser quando eu sair de sua vida
É o que pode acontecer
É talvez o que aconteça
É talvez o que você perceba que acontecerá contigo
No fundo
No fundo mesmo
Espero que não faça diferença, porque te amo
Mas um pouco menos no fundo
Espero que você volte a ser...
Apenas...
Rocha.
Seca.
Sem atmosfera.
Sem vida.
Sem diferencial além de, apenas, uma pedra.
Porque?
Porque, apesar de eu continuar brilhando, parte da cor do meu brilho é saber que lhe dou mais vida do que existia previamente em você
Estranho? Ruim? Pecaminoso?
Sim
Mas, enfim
Sou eu
Ainda
Assim
...
Porque morro quando deixo de brilhar em mim mesmo?
Porque sou menos tudo quando paro de me nutrir da minha própria energia?
Porque a cor do meu brilho está no brilho do outro e não no meu próprio brilho?
Ainda gosto mais do outro do que de mim mesmo
Ainda dependo do outro para ter cor e ser feliz
Porquê ainda?
Assim voltarei a ser...
Apenas...
Rocha.
Seca.
Sem atmosfera.
Sem vida.
Sem diferencial além de, apenas, uma pedra.
Porque?
Porque ainda sou luz refletida do outro?
Porque sou escuridão sem o outro?
Aquele que brilha escuridão