Há pessoas que são sóis.
Há pessoas que são planetas.
Há sóis que não brilham mais.
Há sóis que brilham demais.
Existem sóis que nutrem
e sóis que destroem.
Há planetas que podem sustentar a Vida.
Há planetas que serão eternamente rocha (?).
Teremos em nossas vidas planetas e sóis
que estarão girando em torno de nós.
Sejamos planetas.
Sejamos sóis.
E não adianta,
independentemente do que façamos,
por mais que queiramos que nossos planetas sejam sóis,
tem coisas que não foram feitas para ser.
Talvez estas pessoas até tenham o potencial de um sol dentro delas,
mas não estejam prontas para brilhar.
Ou, pior ainda,
talvez sejam apenas planetas
e estamos desejando a morte delas ao exigir que brilhem como sóis.
E se as soltarmos de nosso campo gravitacional esperando que, com seu próprio potencial,
comecem a brilhar no vazio infinito do universo;
com certeza as condenaremos a pairar eternamente
sem luz, sem calor, sem vida e sem destino
pelo vazio.
Se estão conosco como planetas,
que sejam os planetas mais férteis (senão o único)
do nosso sistema solar.
E que, enquanto durar,
sejamos os melhores sóis que elas possam ter.
Assim não teremos sóis sem planetas
e não teremos planetas férteis sem um sol,
bom o suficiente,
para despertar neles
as mais belas formas de vida.
Tem coisas que nós não conseguimos explicar.
A gente se gosta
porque nós somos muito parecidos.
Nós nascemos para estar juntos.
Nascemos para nos curar
um com o outro
e um ao outro.
Nós temos as mesmas feridas,
mas em lugares diferentes.
Nos vemos tanto um no outro
que nos estranhamos.
Agora que nos encontramos
ficamos nos rodeando
tentando entender
como podemos ser tão parecidos
e parecer tão diferentes.
Somos opostos e somos iguais.
Somos vazios,
mas vazios diferentes.
Queremos nos preencher um com o outro,
mas ainda não sabemos como.
Apenas sabemos que queremos.
Os olhos nunca mentem.
A alma sabe o que precisa para sobreviver e ser feliz,
e quando encontra,
não vai abrir mão disso.
Eu vejo em você
tudo que você vê em mim.
Apenas estamos cegos na consciência.
Nosso inconsciente vê tudo.
Vê nossos passados,
presente e futuros,
tão próximos,
tão semelhantes,
tão ímpares.
Ambos abandonados,
ambos traídos,
ambos despedaçados.
Duas almas fracionadas,
rompidas e teimosas.
Almas que lutam pela sobrevivência,
pelos sonhos,
pela inexistente paz interior.
De novo.
Os olhos nunca mentem.
As mãos nunca mentem.
O abraço nunca mente.
Então, o que falta?
Falta parar de mentir para nós mesmos.
Não precisamos disso.
A verdade nos une,
pois estamos juntos,
justamente,
em busca da verdade.
Eu vejo o que você não vê.
Você vê o que eu não vejo.
Estamos juntos porque sabemos disso.
Sabemos que somos iguais e diferentes.
Iguais porque buscamos a nós mesmos.
Diferentes porque cada um enxerga o que o outro não consegue ver.
Precisamos ouvir mais.
Ver mais.
Aceitar mais.
Só assim, seremos um.
Não UM, mas sim, um par.
Não que se mescla,
mas sim,
que se complementa
e que se fortalece.
A gente precisa de um tempo.
E dessa vez,
é um tempo mesmo.
Não é aquela 1 semana.
Serão,
talvez,
meses.
Um tempo para nós.
Nós, sozinhos.
Sozinhos
em nós mesmos.
Eu e você,
para nos recuperarmos de tudo pelo que passamos.
Para resolvermos nossos passados que nos iludiram,
nos confundiram
e nos destruíram.
Para lavar a alma.
Para finalizar de vez
o que quisemos que começasse há anos,
mas que ainda
não permitimos terminar.
Vamos nos preparar para nós.
Estamos nós dois amortecidos.
Nossos corações
não sabem
mais amar.
Nossas almas murcharam e se despedaçaram ao vento.
Como vamos amar um ao outro assim?
Como?
Se não sabemos mais nos amar?
Como daremos valor um ao outro,
se desaprendemos a nos valorizar?
Precisamos de um tempo.
Para cada um.
Para nós.
Vamos dar um tempo.
Finalmente.
Para o nosso futuro.